artigos |Postado em 29-08-2022

Além da vitrine: o impacto do fast fashion

Você já se perguntou sobre o impacto da indústria têxtil e a importância dos brechós? Vem comigo que vou te contar um pouquinho!

Com seu surgimento em 1990, o fast fashion veio trazendo as tendências do momento, porém, com qualidade inferior, reduzindo a durabilidade das peças que são produzidas em grande escala, fomentando constantemente o consumo que se torna desenfreado. Uma característica desse conceito é a velocidade a qual as roupas são produzidas, com empresas capazes de lançar mais de 50 coleções por ano. Esse fator é impactante se levarmos em consideração que no período da revolução industrial, mesmo com a existência das máquinas de costura, as roupas demoravam dias para ficarem prontas. Quanto mais consumimos, maior será a demanda nas lojas e consequentemente o número de resíduos gerados pela indústria têxtil.

De acordo com Francisca Dantas, professora e pesquisadora de moda sustentável, em apenas dois bairros localizados no centro de São Paulo, cerca de 12 toneladas de resíduos de roupa e 36 toneladas de resíduos têxteis são descartadas nas calçadas dos bairros Brás e Bom Retiro. Isso se torna um problema social e ambiental de grande dimensão, o descarte desses resíduos nas ruas pode danificar o sistema de drenagem urbana, entupindo bueiros e dificultando o gerenciamento de águas pluviais. 

O impacto do Fast Fashion

  • Peças fast fashion são utilizadas 45 vezes menos do que peças comuns e poluem muito mais, podendo gerar 400% mais emissões de carbono.
  • A indústria têxtil polui de diversas formas, como por exemplo a utilização de poliéster, um plástico que demora aproximadamente 200 anos para se decompor.
  • A lavagem de roupas que contém esse material libera microplásticos que acabam indo parar nos corpos hídricos.
  • O plantio de algodão utiliza agrotóxicos prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, poluindo o solo e contaminando a água.
  • A utilização de corantes que contêm concentrações elevadas de elementos químicos prejudiciais ao meio ambiente, que caso entre em contato com um corpo hídrico, impedem a passagem de luz solar, assim interferindo e modificando características dos seres vivos e do ambiente.
  • Para a produção de 1kg de tecido, é preciso cerca de 150 litros de água, dados que classificam a indústria têxtil como a responsável por cerca de 20% do desperdício mundial de água, que é utilizada nos processos de lavagem, coloração, transferência de calor, aquecimento ou resfriamento.
Montanha de roupas no deserto do Atacama, no Chile.

No Chile, especificamente no deserto do Atacama, existem montanhas que crescem cerca de 59 mil toneladas por ano. Porém, como vemos na imagem acima, não são apenas montanhas, são montanhas formadas por toneladas de roupas descartadas de todas as partes do mundo. Como já citado, as roupas levam muitos produtos químicos, que podem vir a causar incêndios, por isso, no deserto de Atacama, caminhões auxiliam para que algumas roupas fiquem enterradas no subsolo. Mas, ainda assim, as roupas poluem o ar, o solo e os corpos hídricos.

Dicas para um consumo consciente

Para que seja possível reduzir estes impactos ambientais negativos podemos intervir de diversas maneiras, consumindo de forma consciente, comprando apenas o necessário e refletindo se realmente precisamos de determinada aquisição. Uma maneira sustentável de comprar é optar pelos brechós, onde temos diversas peças de segunda mão e com um preço acessível, e assim damos seguimento a peças que poderiam ser descartadas. Quando se trata de sustentabilidade temos que deixar a criatividade fluir, estilizando roupas, realizando doações ou até mesmo utilizando aquela peça para fazer artesanato, como bolsas, capas para almofadas, tapetes, etc. 

Cada atitude pode afetar o nosso ecossistema. Desta forma, é importante que tenhamos responsabilidade socioambiental, optando por produtos com uma vida útil longa e que sabemos sua origem e os processos de fabricação aos quais foi submetido. Outrossim, ao invés de incentivar a produção, podemos optar por comprar roupas de segunda mão, assim dando preferência para peças já existentes, reduzindo o consumo de água, petróleo e energia que são necessários para produção de novas peças.

Olhar de maneira mais minuciosa, se questionar mais sobre como as coisas acontecem, como os produtos chegam nas lojas é um passo de extrema relevância para fazer escolhas mais conscientes, escolhas que visem um desenvolvimento sustentável, assim, garantindo um mundo melhor para todos os seres vivos, afinal somos os responsáveis pelo nosso futuro!

REFERENCIAS 

LIXO DO MUNDO: o gigantesco cemitério de roupa usada no deserto do Atacama. Brasil, 27 jan. 2022. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60144656. Acesso em: 30 jul. 2022.

TONIOLLO, Michele et al. INDÚSTRIA TÊXTIL: sustentabilidade, impactos e minimização. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GESTÃO AMBIENTAL, Não use números Romanos ou letras, use somente números Arábicos., 2015, Rio Grande do Sul. Congresso. Porto Alegre: Ibeas, 2015. p. 1-5. Disponível em: https://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2015/V-029.pdf. Acesso em: 30 jul. 2022.