artigos |Postado em 09-07-2020

Rótulos: Entenda o que há por trás dos seus produtos

Conheça mais sobre os tipos de rótulos nas embalagens para assim fazer uma escolha mais informada.

A avaliação da toxicidade de uma substância é útil para predição dos efeitos nocivos que ela poderá desencadear quando entrar em contato com um organismo. As vias de exposição podem ser orais, dérmicas, inalatórias, entre outras. Infelizmente, muitas marcas de cosméticos ainda realizam essas avaliações através de experimentos em animais, nos estudos pré-clínicos, ou seja, feitos exclusivamente no laboratório. Só depois disso, os especialistas vão confirmar as evidências de segurança toxicológica em humanos voluntários, no estudo clínico.

No entanto, existem métodos validados cientificamente e aceitos internacionalmente que podem substituir os testes em animais, na avaliação de diferentes efeitos. Sendo assim, os estudos pré-clínicos podem envolver ensaios in vitro (baseados em células cultivadas em laboratório) e in silico (modelos matemáticos para predição computacional). O foco é entender se o produto causa irritação ou corrosão na pele e nos olhos, avaliar sua absorção, o grau de sensibilização e outros efeitos tóxicos. Em suma, as informações obtidas nesses testes precisam ser robustas o suficiente para estabelecer as advertências e indicações descritas na rotulagem do produto.

Métodos para testes pré-clínicos (Autoria própria, com ilustrações disponibilizadas pela Smart Server Medical Art)

A exigência e a decisão do teste a ser utilizado são de responsabilidade dos fabricantes, importadores ou responsáveis pela venda desses produtos. Eles só precisam estar de acordo com a legislação do local onde fabricam e comercializam. Por isso, quando encontramos um produto “clinicamente testado”, “dermatologicamente testado”, “oftalmologicamente testado” e afins, nem sempre ocorreram testes prévios em animais.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o órgão responsável por estabelecer quais as informações são indispensáveis no rótulo dos produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Os parâmetros considerados pela ANVISA na avaliação da segurança são a caracterização do produto (formulação, restrições de uso, manuseio, estocagem, etc.), a aplicação cosmética (finalidade, concentração de uso, restrições regulamentares, etc.) e os dados toxicológicos obtidos nos testes.

É obrigatório que esses rótulos contenham marca, registro, lote, prazo de validade, conteúdo, país de origem, fabricante/importador/titular, modo de uso, advertências, composição e dados do serviço de atendimento ao consumidor (SAC).

Mas podemos encontrar outras informações igualmente relevantes, porém, não obrigatórias. Nem todos os produtos apresentam a letra “e” minúscula, mas ela nos garante que a quantidade informada é realmente a mesma quantidade estimada dentro da embalagem. A validade do produto após aberto é representada pelo número de meses de vida útil dentro de um potinho aberto. E esse rótulo pode indicar se a embalagem é reciclável e se a empresa aceita o retorno do recipiente vazio, se responsabilizando pela reciclagem ou reutilização (selo green dot).

No verso das embalagens temos acesso a lista de ingredientes presentes na fórmula e conseguimos saber se eles são naturais, orgânicos ou feitos com matérias-primas orgânicas. Entre outros, os selos do Instituto Biodinâmico (IBD) e da Ecocert podem estar presentes nestes cosméticos. Mas é importante entender que o produto pode ser classificado como natural e não ser 100% orgânico.

Os cosméticos naturais devem conter pelo menos 5% de matéria-prima orgânica certificada e os outros 95% de ingredientes de origem natural. Esse produto não contém aditivos sintéticos, mas pode ser originado a partir de plantas geneticamente modificadas (OGM) e/ou cultivadas com agrotóxicos.

O cosmético orgânico possui mais de 95% de sua matéria-prima proveniente de agricultura orgânica certificada, e os outros 5% composto por ingredientes naturais e água. E se a marca diz que seu produto foi produzido com matérias-primas orgânicas, significa que 70 - 95% dos ingredientes são compostos por plantas orgânicas.

De maneira geral, esses cosméticos são livres de químicos sintéticos e podem gerar menos impacto no meio ambiente.

Quando o produto final não passa por testes em animais na fase pré-clínica, podemos considera-lo cruelty-free (livre de crueldade). Em alguns deles identificamos o “selo do coelhinho” no rótulo. Mas temos que buscar os selos certificados, tais como:

Selos certificados para produtos não testados em animais

A certificação da Te Protejo é a única que, atualmente, garante que nem os ingredientes nem o produto acabado passaram por testes em animais, baseando-se em laudos oficiais.

Contudo, alguns desses produtos de cosmética, higiene pessoal e perfumaria ainda podem conter ingredientes de origem animal (como cera de abelha, colágeno, queratina, entre outros). No Brasil, os selos da Organização Veganismo Brasil e da Vegan Society são os mais utilizados para comprovar se aquele produto é livre de ingredientes de origem animal. No post sobre a nova posição sobre certificações veganas na Te Protejo você pode conhecer outros selos confiáveis encontrados nos produtos veganos.

Volto a lembrá-los que apenas as sinalizações descritas pela ANVISA são obrigatórias na rotulagem de cosméticos e correlatos. Caso você perceba que não há alguma informação importante na embalagem, busque o SAC da empresa e pressione pela regularização e transparência.

Não desista! Saber o que há nos produtos que entram em contato com seu corpo também é autocuidado. Não deixe de se cuidar e de exigir seus direitos como consumidor.

Cada escolha que fazemos, por menor que seja, tem consequências para a vida dos animais humanos, animais não-humanos e para o meio ambiente. A biotecnologia já é capaz de nos viabilizar saúde e beleza sem que esse impacto seja negativo. Nós decidimos o que vamos financiar.

Compartilhe esse post com todas as pessoas que você quer ver bem! E nos conte se já tem o hábito de ler rótulos ou se não conhecia algum desses selos.

 

Lorena Neves