notícias |Postado em 09-04-2021

Imagens encobertas mostram ‘crueldade injustificada’ em uma instalação de experimentação com animais na Espanha

Uma investigação da Cruelty Free International revelou o terrível sofrimento e crueldade suportados pelos animais em Vivotecnia, uma instalação de testes contratada em Madri.

Imagens encobertas de "crueldade e abusos injustificados" tiradas em uma instalação de testes em animais na Espanha, que com anterioridade tinha garantido financiamento da União Europeia e de autoridades espanholas para projetos, foram divulgadas em meio a pedidos para o fechamento do centro.

Vivotecnia, uma organização de pesquisa contratada com sede em Madri, conduz experimentos em uma variedade de animais, incluindo macacos, cães, porquinhos, ratos, camundongos e coelhos para as indústrias biofarmacêutica, química, cosmética, de tabaco e alimentícia. A CFI assinalou que as imagens foram tiradas por um denunciante que trabalhou na instalação entre 2018 e 2020. O material parece mostrar animais alojados em condições áridas, sendo provocados, espancados e sacudidos, além de serem feridos sem anestesia suficiente ou sem anestesia alguma.

As imagens, publicadas pela Cruelty Free International (CFI), parecem mostrar técnicos sacudindo e balançando ratos vigorosamente para atordoá-los antes que a dosagem seja administrada. O uso de tesouras para decapitar roedores jovens também é mostrado, e coelhos foram vistos lutando com seus dispositivos de contenção, caindo e sofrendo ferimentos. Os cães são vistos sendo pegos pela nuca e jogados em caixas ou gaiolas.

O diretor executivo da Vivotecnia, Andrés König, negou categoricamente que houvesse uma cultura de abuso de animais usados ​​em experimentos na Vivotecnia. “Trabalhamos em todos os momentos para garantir a qualidade do nosso trabalho, sempre levando em conta o bem-estar animal”, disse ele em declaração enviada ao The Guardian.

Alguns dos casos mais gráficos de crueldade incluem ratos totalmente conscientes com sangue sendo retirado de seus olhos, o que a CFI descreveu como um procedimento geralmente "fatal" destinado para ser realizado sob anestesia. Em outro incidente, um funcionário superior é visto desenhando um "rosto" na genitália de um macaco que havia sido imobilizado em uma mesa, enquanto outro funcionário coleta sangue de seu pé.

De acordo com a CFI, os animais também não eram monitorados em todos os momentos (a equipe de funcionários trabalhava das 8h às 17h nos dias de semana e menos horas nos finais de semana), o que levou à morte de vários animais. A CFI disse que o denunciante relatou suas preocupações a funcionários superiores, mas nenhuma ação foi tomada.

As imagens parecem mostrar práticas que infringem a legislação espanhola e da UE - diretiva 2010/63 - que, entre outras coisas, "exige que o sofrimento dos animais usados ​​em experimentos seja mínimo", acrescentou a CFI, organização que está realizando uma campanha para o fechamento da instalação, bem como uma revisão das leis de experimentação animal.

O veterinário Joan Antoni Fernández Blanco, que trabalha com o Parque de Pesquisa Biomédica de Barcelona, ​​disse que ficou surpreso ao saber das denúncias: “Não conheço esse caso específico, mas diria que é algo realmente estranho”.

Na Espanha, qualquer experimentação com animais deve ser aprovada por um comitê de ética, que muitas vezes inclui veterinários e pesquisadores especializados no trabalho com animais de laboratório. A legislação também estabelece que todo o pessoal que trabalha com animais para fins científicos deve ter "treinamento prévio adequado".

Fernández Blanco contrastou as declarações de que o laboratório às vezes realizava procedimentos sem anestesia adequada com a necessidade de minimizar o sofrimento. Os animais devem ser sempre monitorados, disse ele, e, se necessário, “eles têm que ser sacrificados se for considerado que estão sofrendo muito e não podem mais ser incluídos no procedimento”. Ele acrescentou: "Não é justificável permitir que um animal vivo sofra e não seja tomado qualquer tipo de ação".

Uma vez que a fisiologia de um animal é alterada devido ao estresse, os dados de teste coletados naquele animal são essencialmente pouco confiáveis; em última instância, o melhor para os pesquisadores é garantir o mais alto nível de bem-estar animal ou correr o risco de "usar muitos animais para nada", assinalou.

Em uma declaração, a diretora de ciência e assuntos regulatórios da CFI, Dra. Katy Taylor, disse: “Este material audiovisual mostra mais uma vez o lado sombrio dos testes regulatórios de toxicidade em animais. A Comissão Europeia nos diz que a diretiva 2010/63 não só protege os animais usados ​​na ciência, mas também fornece uma estratégia para substituir os testes em animais. No entanto, isso não acontece. Há vários exemplos de casos em que os procedimentos foram mal executados ou o tratamento foi tão ruim que as diretrizes foram violadas, mas também temos casos de crueldade e abusos injustificados”.

A CFI descobriu infrações semelhantes de leis em outras partes da Europa, mais recentemente em uma instalação na Alemanha.

Você pode ver a pesquisa aqui (Aviso: imagens muito fortes).

O que posso fazer?
Assine a petição da Cruelty Free International para Fechar Vivotecnia e lembre-se sempre de escolher produtos livres de testes em animais.

Fontes:

The Guardian

Cruelty Free International