Quando criança, havia em minha casa três pássaros presos: dois periquitos e um canário. Lembro-me de como cantavam. Das cores de suas penas. Tenho ainda a imagem de meu pai limpando as gaiolas aos finais de semana. Me lembro bem deles.

Eu consigo contar sobre o dia em que morreram. Mas não sou capaz de contar sobre a vida que tiveram. Pois essa lhes fora tirada logo que nasceram. Eles me fizeram entender que aquilo estava errado e que eu precisava falar por eles. Meu pai não era uma pessoa ruim. Ele apenas não entendia os animais. De alguma forma, aqueles três passarinhos presos me pediam ajuda. Havia em seus cantos mudos e tristes, um pedido de socorro. Havia em seus olhares, uma urgência pelo voo longo, que jamais aconteceu.

Parece que meu pai também soube receber essa mensagem e depois que eles se foram, boa parte de seu tempo foi dedicada em ajudar minha mãe com animais resgatados da rua.
Quanto a mim, resolvi fazer dessa mensagem, minha missão de vida. Me tornei tradutor. Além de traduzir textos e interpretar seres humanos, busco aperfeiçoar as habilidades e também traduzir a língua dos animais não humanos, para que todos os escutem através de minha voz.

Vivo para decodificar sinais, olhares, gritos e gestos entre todos os seres. Em especial, aqueles que não são ouvidos. Aqueles presos em um laboratório. Em um zoológico. Em uma fazenda. Meu ativismo tem me mostrado que a estrada é longa, mas estou bem acompanhado.
Obrigado por estarem comigo nessa!

Diogo

Lembre-se que neste sábado nós temos um evento com a ONG Te Protejo em São Paulo. Mais informações sobre o evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/280963412558275/